quarta-feira, fevereiro 08, 2006

Andou 40 anos a dizer que se ia embora...Viva a ultima cadeira que fez!


«Devo à Providência a graça de ser pobre; sem bens que valham, por muito pouco estou preso à roda da fortuna, nem falta me fizeram nunca lugares rendosos, riquezas, sustentações. E para ganhar, na modéstia a que me habituei e em que posso viver, o pão de cada dia, não tenho de enredar-me na trama dos negócios ou em comprometedoras solidariedades. Sou um homem independente.

Nunca tive os olhos postos em clientelas políticas nem procurei formar
partido que me apoiasse mas em paga do seu apoio me definisse a orientação e os limites da acção governativa. Nunca lisonjeei os homens ou as massas, diante dequem tantos se curvam no mundo de hoje, em subserviências que são uma hipocrisia ou uma abjecção. Se lhes defendo tenazmente os interesses, se me ocupo das reivindicações dos humildes, é pelo mérito próprio e imposição da minha consciência de governante, não pelas ligações partidárias ou compromissos eleitorais que me estorvem. Sou, tanto quanto se pode ser, um homem livre.

Jamais empregarei o insulto ou a agressão de modo que homens dignos se considerassem impossibilitados de colaborar. No exame dos tristes períodos que nos antecederam, esforcei-me sempre por demonstrar como de pouco valiam as qualidades dos homens contra a força implacável dos erros que se viam obrigados a servir. E não é minha a culpa se, passados vinte anos de uma experiência luminosa eles próprios continuam a apresentar-se como inteiramente responsáveis do anterior descalabro, visto teimarem em proclamar a bondade dos princípios e a sua correcta aplicação à Nação Portuguesa. Fui humano.

Penso ter ganho, graças a um trabalho sério, os meus graus académicos e o direito a desempenhar as minhas funções universitárias. Obrigado a perder o contacto com as ciências que cultivava, mas não com os métodos de trabalho, posso dizer que as reencontrei sob o ângulo da sua aplicação prática; e folheando menos os livros, esforcei-me em anos de estudo, de meditação, de acção intensa, por compreender melhor os homens e a vida. Pude esclarecer-me.

Não tenho ambições, não desejo subir mais alto e entendo que no momento oportuno deve outrem vir ocupar o meu lugar, para oferecer ao serviço da Nação maior capacidade de trabalho, rasgar novos horizontes e experimentar novas ideias ou métodos. Não posso envaidecer-me, pois que não realizei tudo o que desejava; mas realizei o suficiente para não poder dizer que falhei na minha missão. Não sinto por isso a amargura dos que merecida ou imerecidamente não viram coroados os seus esforços e maldizem dos homens e da sorte. Nem sequer me lembro de ter recebido ofensas que em desagravo me induzam a ser menos justo ou imparcial. Pelo contrário, neste país, onde tão ligeiramente se apreciam e depreciam os homens públicos, gozo do raro privilégio do respeito geral. Pude servir.»





António de Oliveira Salazar

ESPAÇO NAFTALINA

A nossa querida Pátria


Ao vermos a enorme extensão do Império Português, admiramos o heroísmo com que os nossos antepassados, - sábios, marinheiros, soldados e missionários, - engrandeceram a Pátria. Por ela atravessaram mares desconhecidos, sofreram as inclemências de climas insalubres e travaram lutas cruéis em paragens longínquas.
Aprendamos a lição do seu esforço, para amar e servir, como eles, a nossa querida Pátria.




Livro de Leitura da 3ª Classe,
Porto Editora, Lda., 1958, p. 11

Menino, sabes o que é a Pátria?


A Pátria é a terra em que nascemos, a terra em que nasceram os nossos pais e muitas gerações de portugueses como nós.
É a nossa Pátria todo o território sagrado que D. Afonso Henriques começou a talhar para a Nação Portuguesa, que tantos heróis defenderam como o seu sangue ou alargaram com sacrifício de suas vidas. É a terra em que viveram e agora repousam esses heróis, a par de santos e de sábios, de escritores e de artistas geniais. A Pátria é a mãe de nós todos os que já se foram, os que vivemos e os que depois de nós hão-de vir.
Na Pátria está, meu menino, a casa em que vieste à luz do dia, o regaço materno que tanta vez te embalou, a aldeia ou a cidade em que tu cresceste, a escola onde melhor te ensinam a conhecê-la e a amá-la, e a família e as pessoas que te rodeiam.
Na Pátria estão os campos de ricas searas, os prados verdejantes, os bosques sombreados, as vinhas de cachos negros ou de cor de ouro, os montes com suas capelinhas brancas votivas.
A Pátria é o solo de todo o Portugal, com as suas ilhas do Atlântico (Açores e Madeira, Cabo Verde, S. Tomé e Príncipe...), as nossas terras dos dois lados de África, a Índia, Macau, a longínqua Timor.
Para cá e para além dos mares, é a nossa Pátria bendita todo o território em que, à sombra da nossa bandeira, se diz na formosa língua portuguesa a doce palavra Mãe!....

Livro de Leitura da 3ª Classe,
Porto Editora, Lda., 1958, pp.5-6

A sopa de António Lobo Antunes


Carta da Guerra em Angola Enviada por Lobo Antunes ao Irmão Mais Novo


Remetente:
António Lobo Antunes
Alferes-médico SPM 2676
Ex.mo Sr. Manuel Lobo Antunes
Travessa dos Arneiros, 14
Lisboa 4
Metrópole
Redação: A Sopa
27-04-1971, em Ninda

Querido Manuel,

Eu estou em Angola. Eu gosto muito de Angola. Eu vim para Angola num barco muito grande, com muitos soldados. Eu vou voltar de avião. Eu vou aí em Setembro. Eu tenho patilhas. Eu tenho cabelo rapado. Eu tenho muitas saudades de todos, tais como da Margarida. Angola é em África. África tem leões, macacos, gazelas, elefantes, pacaças, palancas e muitos pretos. Os pretos têm um cabelo com muitos caracóis e dentes brancos. Os pretos não falam português, falam preto. A gente não percebe os pretos a falar preto. Os pretos às vezes falam português. Os portugueses nunca falam preto. Em Angola há muito calor todo o dia. Eu tenho uma espingarda mas ainda não matei ninguém. Eu visto farda. Farda é um fato igual para todos. Eu como coisas que não gosto de comer mas como porque há muita gente com fome e não devemos desperdiçar. A colher fica em pé na sopa de tal maneira a sopa é grossa. A sopa serve também para pegar tijolos uns aos outros. Há casas que foram feitas graças à sopa. A sopa tem muitas coisas dentro, que a gente tem de mastigar, e às vezes corta-se a sopa com a faca. A sopa é mais dura do que um bife muito duro. As colheres de sopa caem no estômago da gente com um barulho parecido com pedras a cair num poço. Eu não gosto de sopa. Eu nunca mais como sopa. Já me nasceram dentes na barriga para moer a sopa, e os meus intestinos, a fazerem a digestão da sopa, parecem mesmo um motor de traineira. Quando me sento à mesa e vem a sopa tenho medo porque a sopa parece cimento. Eu estou forrado de sopa por dentro.

Quando me assoo sai sopa do nariz. Quando espirro espirro gotinhas de sopa. Outro dia tiraram-me sangue e um talo de couve saiu-me da veia e entupiu a agulha. De vez em quando, quando há feridos, fazem-se transfusões de sopa, e a gente vê o grão e o feijão da sopa a saírem de um para entrarem no outro. Quando há feridas é preciso desinfectar a sopa que sai da ferida. Se se espreme uma borbulha aparecem logo bagos de arroz de sopa. A sopa é o nosso pior inimigo, a espiar a gente do fundo das panelas duas vezes por dia, ao almoço e ao jantar, a sopa ataca-nos. A sopa já fez muitas baixas. Às vezes a sopa traz brindes como os bolos-reis tais como baratas, insectos, borboletas, que morreram envenenados pela sopa. De maneira que a gente vai começar a usar a sopa como remédio para os ratos.

Os americanos já nos pediram para a gente mandar sopa para o Vietname, porque os comunistas morrem todos se a comerem. Eu gostava muito de dar sopa à sopa. Eu vou acabar. São horas de comer a minha sopa.


António Lobo Antunes
Vítima nº 07890263 da sopa
Morto no campo de batalha do refeitório com um ataque agudo de sopa

Os protestantes na guerra angolana depois da independência

Benedict Schubert-Lusotopie 1999... Autor do trabalho.







Qual foi a influência do protestantismo sobre o processo político em Angola, processo que não trouxe ao país uma independência de paz e justiça, mas guerra e miséria ? Qual foi a posição das Igrejas pro­testantes para com as forças políticas responsáveis do que aconteceu em Angola ? Queria fornecer elementos duma resposta a estas questões, limi­tando as minhas observações ao papel do protestantismo no processo político-militar, deixando de lado outros aspectos indispensáveis para ter uma imagem geral do que tem sido o protestantismo angolano nestes últimos vinte anos.
Partirei de dois exemplos : a Igreja congregacional e a Igreja metodista representarão aquelas comunidades protestantes que, na fase conflituosa de descolonização e transição, entre 1974 e 1977, procuraram, através dos movi­mentos nacionalistas, ganhar espaço e liberdade para participar de maneira activa e reconhecida na nova construção da nação. Mostrarei como a auto-identificação destas Igrejas com movimentos políticos não resultou na realização do seu sonho de participação na responsabilidade política. Apro­fundou a divisão do protestantismo angolano e causou, uma vez que o Movimento popular de libertação de Angola (MPLA) tinha consolidado o seu poder na República popular, aquilo que chamaria de sua « paralisia parcial », tornando-o incapaz de ter influência significativa sobre o processo político que levou ao caos actual.


A limitação étnico-regional do protestantismo e as suas consequências no conflito de descolonização

A acção missionária protestante foi um dos factores determinantes que criaram as correspondências salientes que, no início dos anos setenta, exis­tiam não apenas entre o mapa etno-linguístico e o que mostrava as zonas de influência dos movimentos nacionalistas, mas também entre estes e o mapa denominacional[1]. Para as comunidades protestantes colocava-se a pergunta se o seu lugar era dentro ou fora do sistema colonial português. Aquelas que foram obrigadas ou que optaram por sair do sistema podiam decidir se deviam ou não colaborar activamente com os movimentos nacio­nalistas. Mas uma vez tomada a decisão de se enquadrar num movimento, a escolha não colocava problemas. A nível individual, opções divergentes eram possíveis, mas havia relações preferenciais entre os baptistas do Norte e a Frente nacional de libertação de Angola (FNLA), os metodistas do espaço kimbundo e o MPLA, e entre os congregacionalistas do Centro-Sul e a União nacional pela independência total de Angola (UNITA).
A Revolução dos Cravos em Lisboa em 1974 significou o fim do projecto colonial de « portugalização» no qual as Igrejas protestantes eram consi­deradas como factor perturbador. As comunidades que tinham sido conde­nadas ao exílio ou à clandestinidade perceberam o « 25 de Abril » como alvorada. O protestantismo jogara, pelo seu trabalho de formação e de conscientização implícita, pela capacitação a lidar com a modernidade ocidental, um papel importante no surgimento do nacionalismo angolano ; com efeito, uma percentagem relativamente alta dos militantes nos movi­mentos nacionalistas eram protestantes[2]. Agora, os crentes viam nascer o dia da libertação que traria a possibilidade de retomar e ocupar o lugar que lhes pertencia.

O caso da Igreja congregacional

Porém, esta expectativa não se realizou a não ser para a Igreja congrega­cional[3] e só, para ela, num tempo e num território limitados. No projecto da República democrática popular de Angola (RDPA) que a UNITA e a FNLA pretenderam construir contra o projecto da República popular do MPLA, a cola­boração entre as autoridades políticas e as Igrejas protestantes veio a funcionar como, provavelmente, todos os protestantes empenhados na busca duma nova sociedade desejavam.
No tempo em que a guerra angolana deixou de ser guerra contra o colono e começou a ser, de maneira cada vez mais aberta, luta por um poder monopolizado, a UNITA podia contar com simpatias no seio da população do Centro-Sul do país, mas não dispunha duma rede suficientemente densa e sólida de comunicação que lhe permitisse mobilizar eficientemente o povo das aldeias. Tal rede existia, porém, no congregacionalismo. O trabalho desta Igreja fora travado e dificultado pelas autoridades coloniais, mas elas não desmantelaram por completo as estruturas eclesiásticas tal como o fize­ram no Norte.
A cooperação entre a UNITA e a Igreja congregacional deu-se quase natural­mente. Muitos líderes da UNITA assumiam também responsabili­dades nas comunidades congregacionais. A maioria dos pastores e catequis­tas desta Igreja entendia-se como « patrocinadores »[4] da UNITA, esta consi­derava a Igreja congregacional como sendo a sua « consciência ». A UNITA procurou integrar as estruturas congregacionais na ordem estatal que pro­punha estabelecer ; a Igreja pôs à disposição da UNITA o que lhe fal­tava para organizar e administrar a vida pública. Pastores e anciãos assumi­ram cargos administrativos, as instituições médicas e as escolas congrega­cionais formaram a « espinha dorsal »[5] do sistema de educação e de saúde da República democrática popular.
Esta República sobreviveu pouco tempo, foi derrubada naquilo que o MPLA costuma chamar de « segunda guerra de libertação ». Diga-se o que se disser sobre o projecto da UNITA, os poucos meses de existência da RDPA foram, até hoje, o único momento na história de Angola em que pelo menos uma parte do protestantismo podia cooperar com autoridades polí­ticas que não encaravam os protestantes com desinteresse, desconfiança ou até hostilidade, mas que, sem reservas, reconheciam neles uma força que tinha algo de construtivo a contribuir para a vida da sociedade.
Depois da queda do Huambo, capital da dita República da UNITA e da FNLA, a liderança da Igreja congregacional reuniu-se na maior das suas missões, no Dôndi, « envergonhada, triste, desapontada »[6]. O seu sonho de como a independência se concretizaria fora destruído, agora colocava-se-lhe a questão se era capaz de definir a sua posição no contexto da República popular do MPLA vencedor. Este não fez muitos esforços para ganhar a confiança da Igreja congregacional ; denunciou-a como « Igreja da UNITA », nacionalizou todas as suas instituições médicas e educacionais sem, no entanto, ter meios nem pessoal para continuar o trabalho nelas. Houve várias detenções de líderes congregacionais que, mais uma vez, se viam acusados de serem colaboradores dos terroristas – o que lembrava de ma­neira fatal o tempo da repressão colonial. Neste ambiente, muitos crentes preferiram seguir a UNITA para o mato. Em Fevereiro de 1977, a Igreja congregacional repartiu-se em dois grupos : alguns crentes e líderes decidiram procurar seu lugar dentro da Angola oficial, formando a « Igreja das cidades », enquanto outros, a « Igreja do mato », acompanharam a UNITA na sua retirada, de base em base, até ao « fim do mundo », no extremo sul este do país. Nem os que ficaram nem os que partiram queriam, aliás, dividir a Igreja ; antes procuraram possibilidades de manter contactos, por um lado através de um vaivém clandestino de crentes, por outro lado utilizando as relações que os dois grupos continuaram a ter com os antigos missionários e as suas agências, no Canadá e nos Estados Unidos.

O caso da Igreja metodista

A vitória militar do MPLA mostrou à Igreja congregacional que apostara no cavalo errado ; tinha-se aliado ao parceiro que, depois, foi mandado sair do jogo oficial. Assim, os congregacionalistas perderam muito do que conse­guiram preservar durante a guerra colonial e o pouco que ganharam na cooperação com a UNITA.
A Igreja metodista, em contrapartida, tinha ligações históricas com o MPLA. Será que a tomada de poder deste deu razão aos metodistas ? Não se devem confundir os dois casos. Ao contrário do que se verificara na UNITA e na Igreja congregacional, nem o MPLA nem a Igreja metodista apresenta­vam as condições prévias para que se forjasse uma identificação mútua semelhante entre Igreja e movimento.
Havia, certamente, ligações históricas entre o metodismo e o MPLA. O seu presidente Neto era filho de pastor metodista, foi uma bolsa desta Igreja que lhe permitiu estudar. Havia amizades entre líderes das duas entidades ; muitos militantes do MPLA eram metodistas ou saíram do ambiente meto­dista. Mas isso não deve fazer esquecer que havia também muitos membros do MPLA que receberam a sua formação no ambiente católico[7]. Com o tempo, a sua opção ideológica levou o MPLA a dar, com ênfase crescente, expressão ao seu materialismo científico num ateísmo militante, numa atitude hostil para com o « fenómeno religioso », já não diferenciando entre as várias comunidades eclesiásticas. A nível individual, entre membros do MPLA e da Igreja metodista, os contactos podiam ser mais abertos, mas a nível oficial o MPLA não ia além de reconhecer a existência, para ele incó­moda, desta como das outras Igrejas. Como o MPLA mantinha a convicção de que qualquer Igreja tinha uma existência passageira[8] e que, por princípio, estava inclinada à reacção política, não lhe podia atribuir nem estatuto legal nem papel activo na construção da nação, que devia ser um país de modelo socialista. Ao contrário da UNITA que tinha simpatias – fossem elas interesseiras – para com as Igrejas, o MPLA pretendia um poder absoluto que incluía a « descolonização do espírito ». A religiosidade fazia parte dos « resíduos duma atitude pequeno-burguesa »[9] e tinha que desapa­recer.
A Igreja metodista, por sua vez, tinha inicialmente ligações não apenas com o MPLA, mas também com a FNLA. A missão metodista operava em território kimbundo ; estendera o seu campo de acção até à zona kongo, ao norte de Malange. No espaço kimbundo havia animosidade entre dois subgrupos, os « Catetenses » que viviam na parte oeste, perto da costa, e os « Malanjinos » do interior[10]. Esta animosidade reflectia-se em simpatias divergentes para com os movimentos nacionalistas. Os do oeste sentiam-se próximos o MPLA, enquanto no leste muitos estavam inclinados para a FNLA. Quando a repressão colonial contra os protestantes diminuiu, mas a tensão entre os movimentos aumentou, os metodistas procuraram uma possibilidade de evitar que esta tensão trouxesse o conflito político para dentro da Igreja. Por isso, na sua conferência anual, em Agosto de 1974, a primeira depois do tempo da perseguição, a Igreja metodista declarou que ela, como Igreja, não podia identificar-se com um movimento naciona­lista. Reconheceu os méritos dos movimentos e o direito dos crentes de se juntar a qualquer um deles, mas exigiu uma reconciliação consequente entre eles e a formação duma frente comum. Sugeriu que a busca da unidade política fosse acompanhada e apoiada na busca pelas Igrejas da unidade ecumé­nica[11].
Em vez de reconciliação e unidade, veio a guerra internacionalizada e a vitória do MPLA. Em resposta, a Igreja metodista abandonou a sua neutrali­dade em favor dum apoio inequívoco ao MPLA. Entre todas as Igrejas, a metodista foi a primeira a reconhecer a vitória deste movimento como facto consumado e a interpretá-la não como vitória de uma fracção, mas sim como « escolha de Angola ». A força motriz neste processo de tomada de posição política pela Igreja metodista foi a sua direcção, presidida pelo bispo Emílio de Carvalho. Ele foi a única voz no protestantismo a aceitar o desafio que a orientação ideológica do MPLA lançava ; foi o único a procurar, na reflexão teológica, conceber um relacionamento entre socialismo e cristianismo que não fosse rejeição global. No entanto, tal reflexão não levou o bispo Emílio a definir este relacionamento de maneira mais diferenciada. A liderança metodista convenceu a conferência anual da Igreja de Fevereiro de 1976 a optar exclusivamente pelo MPLA, que ela via como vanguarda no processo revolucionário que traria a libertação não apenas para Angola, mas para toda a África austral. Emílio de Carvalho e os outros membros da direcção da Igreja metodista aceitaram a visão e a interpretação que o MPLA dava da história e dos últimos acontecimentos. Num discurso programático, em Novembro de 1976, o bispo defendia « o serviço cristão para a edificação de uma sociedade socialista » como sendo « uma necessidade histórica »[12]. Neste discurso, feito depois duma viagem que levara Emílio de Carvalho a vários países socialistas da Europa do Leste, nada se disse sobre eventuais tensões ou incongruências entre socialis­mo e cristianismo nem sobre as dificuldades entre Igrejas e Estado nos países socialistas. O contexto real angolano, a guerra fratricida pelo poder, mas também os atropelos anti-católicos ou anti-eclesiais por parte de fun­cionários e militantes do MPLA, não apareceram. Era um apelo fervoroso à Igreja metodista e a todas as Igrejas para abandonarem as suas reticências e abraçarem a visão do MPLA sobre a unidade e o destino de Angola. O Comité central do MPLA acabara de decidir a transformação do Movimento em Partido do trabalho. Os meios de comunicação de massa já estrei­tamente controlados pelo MPLA difundiram o discurso do bispo Emílio que servia bem às autoridades para « acalmar os espíritos »[13], dissipar dúvidas e receios que as comunidades religiosas podiam ter para com o novo poder político.
A Igreja metodista pagou um preço elevado pela sua identificação com o MPLA. Por parte das outras Igrejas foi considerada como « a Igreja do Estado », o que exprimia tanto inveja e admiração como receio e preocupação – e tornou difícil o relacionamento entre as diversas comunida­des reli­giosas. No seio da próprio Igreja metodista, contribuiu para a divisão. Pelo alinhamento com o MPLA a liderança metodista tentou abreviar um pro­cesso de tomada de decisão e nivelar diferenças que porém existiam entre as várias tendências e sensibilidades políticas no seio da sua Igreja. Quando o MPLA, em Junho de 1975, expulsara a FNLA de Malange, muitos crentes metodistas fugiram para o norte ou para o exílio. « A Igreja metodista foi cortada no meio », escreveu Lawrence Henderson[14]. Os que seguiam a FNLA deviam sentir-se como excomungados pela opção tomada na confe­rência de 1976. Alguns destes crentes até chegaram a acusar a direcção metodista de recorrer ao apoio militar do MPLA para resolver problemas internos da Igreja. Dez anos mais tarde, uma fracção da Igreja metodista de Malange separou-se do resto para formar uma Igreja meto­dista indepen­dente. Como até hoje é impossível falar abertamente de eventuais razões políticas em tais processos cismáticos, só podemos pre­sumir que esta divisão era uma consequência tardia de que a Igreja metodista concebera o seu papel no socialismo angolano de maneira tão pouco crítica para com os conceitos e projectos do MPLA.

O protestantismo dividido

Falei das semelhanças e das diferenças que havia entre a relação prefe­rencial da a Igreja congregacional com a UNITA e aquela que ligava a Igreja metodista ao MPLA. Para completar o quadro, devia-se expor o que aqui apenas se pode mencionar : a afinidade entre a Igreja baptista do Norte e a FNLA[15]. Eram estas três Igrejas que formavam o núcleo do protestan­tismo angolano politicamente activo. Pelo seu alinhamento sobre movimen­tos nacionalistas rivais que passaram a ser inimigos mortais, elas tornaram ainda mais agudo o problema de falta de unidade que, de qualquer modo, enfraquecia o protestantismo angolano[16].
Além delas havia, contudo, uma outra parte importante do protestan­tismo, a parte politicamente inactiva. Nem todos os protestantes se encontra­ram, durante a guerra colonial, na clandestinidade ou no exílio. Procurando, pelo contrário, guardar um lugar dentro do sistema colonial, outros enten­deram que o seu papel era de manter silêncio, de limitar-se a questões espirituais, e de evitar tudo o que para as autoridades cheirava a « política ». O que aprenderam assim no tempo colonial valeu-lhes no conflito da desco­lonização e depois na República popular. Viram que nenhum dos movi­mentos era capaz de conceber um sistema político em que opiniões ou até vozes divergentes da voz oficial do poder se pudessem fazer ouvir. A justificação pela abstinência política, pela recusa de procurar ter influên­cia sobre a vida social através dos movimentos políticos, podia serteológica no sentido de perceber toda a autoridade política como ocupando seu lugar em nome e por vontade de Deus ; podia também ser pragmática : uma comunidade renunciou a uma tomada de posição para não agravar as tensões já existentes no seu seio.
Quando, em 1977, o MPLA saiu vitorioso do conflito de descolonização, tendo repelido ou reprimido pela violência as forças exteriores e interiores que questionavam as suas noções de poder e de organização do Estado, enaltecendo, no seu primeiro congresso, em Dezembro, a ficção da uni­dade inquebrantável do partido e da nação, o protestantismo ango-lano apresentava-se desunido, com uma variedade de denominações e comunidades de origem e tradição protestante divididas entre elas não tanto por factores teológicos, mas sobretudo históricos, étnicos e políticos. Entende-se facilmente que este protestantismo não tinha capacidade de assumir um papel activo e independente para com a política religiosa do governo da República popular.


Os protestantes e a política religiosa do governo da República popular de Angola

Desde o princípio havia, no seio do MPLA, uma tendência totalitária que procurava estender o monopólio do poder para além da esfera política e económica, pretendendo transformar e controlar também a consciência do povo, visando aniquilar todos e tudo quanto, na versão oficial, era « inimigo do povo e da revolução ». O congresso do partido de 1977 documentou esta tendência e confirmou-a nas suas ambições. Para implementar a transforma­ção planeada da sociedade, o MPLA fundou várias instituições, organi­zações de massas que serviam para a formação da consciência e o controlo da população. Obviamente, o partido deixou-se orientar pela convicção de que a unidade da nação não se alcançava nem se mantinha senão por um poder hierárquico em que tudo era controlado e uniformizado de cima para baixo[17]. A herança autoritária do salazarismo parecia ressurgir na maneira como Agostinho Neto começou a construir o núcleo do poder na República popular de Angola ; seu sucessor José Eduardo dos Santos aper­feiçoou o sistema, construindo o núcleo do poder como fortaleza inacessível a partir da qual a pequena « nomenklatura petrolífera »[18] domina a vida política, económica e social pelo jogo de dependência, corrupção e opressão. O autoritarismo foi legitimado por um discurso ideológico que, com facilidade assombrosa, se adaptou a todas as mudanças geopolíticas ; resume-se, simples e finalmente, no ditado que, hoje em dia, já as crianças angolanas aprendem : « Quem manda manda, quem não manda cumpre ». No seu projecto totalitário, o governo angolano tinha que encontrar uma via para enquadrar as Igrejas de tal modo dentro do sistema que se eliminava, pela sua inserção, o perigo que elas representavam por serem as únicas orga­nizações de massa fora da iniciativa e do controlo directo do Estado. Neste sentido, tem havido continuidade no propósito da política religiosa das autoridades da República popular : o alvo era sempre controlar as Igrejas. Mudanças podem constatar-se na atitude que os representantes do poder político adoptaram para com as comunidades religiosas. Distinguimos três fases[19] : numa primeira até ao início dos anos oitenta, desconfiança e vontade de confrontação mais ou menos aberta marcaram o comporta­mento das autoridades para com os religiosos. A partir de 1983-1984, notou-se uma certa ambiguidade que resultava da arbitrariedade com que se ofere­ciam favores e vantagens as Igrejas ou se lhes limitavam as possibilidades de acção. No fim da década de oitenta, na medida em que o materialismo científico, pelas mudanças ligadas à « perestroïka » na União soviética, perdia a sua plausibilidade e o MPLA realizava que lhe faltava apoio popular, o governo procurou novo acesso à população através das Igrejas, e começou o tempo a que o então director nacional dos assuntos religiosos chamava de « namoro entre o Estado e as Igrejas »[20].
Na perspectiva da máxima do « divide et impera », os protestantes eram bons sujeitos. Houve, sim, iniciativas por parte de algumas denominações para chegar a uma cooperação mais estreita entre elas. Duas instituições foram fundadas : em 1974 a AEA, a Associação de evangélicos de Angola, e em 1977 o CAIE, o Conselho angolano de Igrejas evangélicas. A diferença entre estes dois consistia no facto de que a AEA partia duma confissão de fé que definia o que se devia entender por « ser cristão evangélico » e exigia que cada Igreja membro da AEA aceitasse esta confissão como base do seu ministério. O CAIE, por seu lado, não definiu uma confissão, mas convidou, de maneira mais pragmática, todas as Igrejas oriundas das missões outrora reunidas na Aliança evangélica para se agruparem num Conselho de Igrejas. Todavia, as iniciativas unificadoras não conseguiram contrabalançar as tendências de divisão. A AEA teve um sucesso relativo, jà que as suas Igrejas membros pertenciam todas àquela parte do protestantismo que acabo de descrever como silenciosa. Por conseguinte, o factor político não pertur-bava sensivelmente a busca da AEA em prol da unidade. No CAIE, em contrapartida, o projecto de cooperação foi minado pelas orientações polí­ticas divergentes. Todos os membros do CAIE sabiam qual fora e era a inclinação política de cada Igreja. Teoricamente, isto podia ser uma vanta­gem. As estruturas do CAIE, como as da maioria das Igrejas membros, eram sinodais, isto é democráticas ; conheciam o princípio de representação pro­porcional dos seus membros nos grémios legislativos. A tomada de decisão era o resultado de um processo de entendimento entre opiniões diferentes, às vezes fortemente divergentes, era o compromisso que se fazia, equili­brando os interesses dos vários subgrupos representados. Os diri­gentes executivos eram, em geral, eleitos, podiam ser afastados quando não cum­priam os seus deveres. O quadro estrutural podia ter sido utilizado para fazer do CAIE e das Igrejas membros laboratórios da democracia e escolas do compromisso e da reconciliação. Mas no contexto da República popular, com a sua segurança do Estado e os seus organismos de vigilância e defesa popular, não se podia discutir abertamente sobre as diferenças de percepção e de interpretação do que se passava. Os passos que se queriam fazer na cooperação ecuménica foram cada vez dar travados, impedidos pelo factor político que se escondia, tal um segredo perigoso, nas caves do protestantismo angolano.
O sistema político da República popular fez com que, pela intimidação e à persuasão, a prática não correspondesse às estruturas democráticas do protestantismo. Tal como no palco político, os conflitos e divergências no seio do protestantismo eram, muitas vezes, resolvidos na mesma via da repressão, exclusão e dominação. A consequência foi, ao longo dos anos, uma série de cismas que dividiram e enfraqueceram as denominações existentes. Junto com as novas Igrejas e comunidades que foram fundadas por pessoas que regressavam do exílio, deu-se o fenómeno da « proliferação de Igrejas e seitas »[21].
Deve-se fazer justiça e mencionar dois momentos em que as Igrejas protestantes conseguiram sair do impasse em que as fez entrar tal dinâmica divisionista. O primeiro foi em Novembro de 1984. O CAIE publicara um documento intitulado « Jesus, príncipe da paz, reconcilia e une »[22] e orga­nizou um encontro de representantes das Igrejas membros sobre o mesmo tema. Pela primeira vez, o tema da guerra que dominava toda a realidade angolana era abordado em discussão quase pública. Os partici­pantes admiti­ram de maneira bastante aberta e corajosa os seus diferentes pontos de vista ; o encontro parecia ser um sinal de que a confrontação político-militar podia transformar-se em diálogo. Não foi, todavia, o princípio de um debate alargado. Voltou o silêncio até que, em 1990, o CAIE, desta vez em conjunto com a AEA, deu publicamente a sua contribuição à discussão que, entre­tanto, se fazia sobre paz e democracia em Angola ; as duas instituições que representam grande parte do protestantismo angolano exigiam a abolição do sistema monopartidário e avanços claros nas negociações com a UNITA[23].
Não é possível medir o impacto dos dois documentos. Julgo que não alteram de maneira significativa a constatação de base : o protestan-tismo ango­lano não conseguiu desempenhar um papel independente e activo no processo político conflituoso do seu país, mas ficou paralisado. Não era capaz de tirar a força destruidora das suas diferenças internas para transformá-las em elementos de diversidade rica e enriquecedora da uni­dade ; assim ficou sem defesa sujeito ao jogo das forças político-militares que lutavam pelo poder.
O que acabo de expor é a situação do protestantismo angolano no contex­to da guerra e em relação às forças políticas que dela eram responsá­veis. A obsessão com a guerra que marca a vida em Angola, e que também se reflecte nesta apresentação, ofusca outras faces do protestantismo, que continua a ser uma força viva na sociedade angolana. Merecem o meu respeito os homens e, sobretudo, as mulheres que, animadas e encorajadas pelo seu enraizamento numa comunidade protestante, empenham a sua confiança e o seu amor para que Angola não se perca por completo no desespero.
Dezembro de 1997
Benedict Schubert
Département missionnaire des églises protestantes
en Suisse romande, Lausanne
[1]. Acordos informais que as missões concluíram em resposta a instruções portuguesas atribuíam a cada missão o seu campo de acção. Em consequência, o protestantismo podia ser apostrofado de « religião tribal » ; cf. L. W. Henderson, « Protestantism : A Tribal Religion » in R.T. Parsons, ed., Windows on Africa. A Symposium, Leiden, Brill, 1971 : 51-80.
[2]. Existem vários estudos dedicados à conexão entre nacionalismo e protestantismo em Angola : A. Coxe, Identité ethnique, religieuse et politique en Angola postcolonial. Le cas protestant, Aix-en-Provence, Faculté réformée de théologie, 1994, tese de mestrado, mimeo; C. Messiant, 1961. L'Angola colonial, histoire et société. Les prémices du mouvement nationaliste, Paris, École des hautes études en sciences sociales, 1983, tese de doutoramento, mimeo ; D. PÉclard, Religion and Politics in Angola. The Church, the Colonial State and the Emergence of Angolan Nationalism, 1940-1961, Londres, School of Oriental and African Studies, 1994, tese de mestrado, mimeo. O presente trabalho baseia-se na tese de doutoramento do autor : B. Schubert, Der Krieg und die Kirchen. Angola 1961-1991, Luzerna, Edition Exodus, 1997 [Note de la rédaction : sur l’ouvrage de B. Schubert, voir le compte rendu de D. Péclard, Lusotopie 1998 : 567-568].
[3]. Por « Igreja congregacional » é designada aqui a comunidade das missões e congregações fundadas por missionários canadianos e americanos que se constituiu, no anos cinquenta, como CIEAC (Conselho de Igrejas evangélicas de Angola Central) e adoptou, em 1979, o nome de IECA (Igreja evangélica congregacional de Angola).
[4]. Expressão do reverendo Augusto Chipesse, secretário geral do CICA (Conselho de Igrejas cristãs em Angola), em entrevista, em Luanda, em 25 de Agosto de 1994.
[5]. L.W. Henderson, « Christian Missions : Dividing or Uniting Angola ? », comunicação feita na conferência « Portuguese – Speaking Africa in Transition », organizada em Los Angeles pelo Centro de estudos africanos da Universidade da Califórnia, 10-13 de Fev. de 1976, mimeo : 55.
[6]. Reverendo A. Chipesse, entrevista de 25 de Agosto de 1994.
0[7]. No início da luta armada, um observador americano designava o MPLA como movimento « católico » e a UPA (União das populações de Angola) como « protestante ». (T. Okuma, Angola in Ferment. The Background and Prospects of Angolan Nationalism, Boston, Beacon Press, 1962 : 90).
0[8]. Numa entrevista ao Jornal de Angola (22 de Maio de 1977), Agostinho Neto disse : « Os católicos e os protestantes não podem filiar-se no nosso Partido […]. Talvez daqui a cinquenta anos não haja nenhuma Igreja em Angola ».
0[9]. António Jacinto do Amaral Martins, ministro da Educação e Cultura, em Março de 1976, citado na colectânea de textos do e sobre o tempo da descolonização em Angola editada pelo Conselho holandês de missão : Nederlandse Missieraad (NMR), Een nieuw volk – een nieuwe kerk ? 's-Hertogenbosch (Holanda), NMR, 1979, mimeo.
[10]. L.W. Henderson, « Christian Missions… », op. cit. : 28, 53.
[11]. Cf. o relatório da conferência em NMR, Een nieuw volk…, op. cit. : 285-290.
[12]. E.J.M. de Carvalho, « A Igreja num país socialista », discurso feito em 17 de Nov. de 1976, publicado no jornal O Angolense, Luanda, 104, de 4 de Dez. De 1976.
[13]. José B. Chipenda, secretário geral da Conferência das Igrejas de toda a África (CITA), em entrevista, em Genebra, em 2 de Maio de 1995.
[14]. L. Henderson, « Christian Missions… », op. cit. : 53.
[15]. Cf. B. Schubert, « Der Krieg… », op. cit. : 191-195.
[16]. O secretário geral do CAIE (Conselho angolano de Igrejas evangélicas) criticou, na retrospectivamente, as Igrejas por se terem tornado « clubes directos ou indirectos de propaganda política » (A. Chipesse, « Meditação para o dia 2 de Junho de 1991 », Luanda, 1991, mimeo : 2).
[17]. As informações que circulam sobre a maneira como a UNITA organizava e continua a organizar « a outra República », as zonas por ela controladas, deixam entender que o que se acaba de dizer do MPLA podia-se dizer mutatis mutandis d o movimento de Jonas Savimbi.
[18]. M. E. Ferreira, « La reconversion économique de la nomenklatura pétrolière », Politique Africaine (Paris), 57, Março de 1995 : 11.
[19]. B. Schubert, « Der Krieg… », op. cit. : 255-268.
[20]. Francisco Lisboa Santos, director da « Direcção nacional dos assuntos religiosos » (DINAR), que veio a ser a partir de 1992, o « Instituto nacional pelos assuntos religiosos » (INAR), entrevista, Luanda, em 9 de Set. de 1994.
[21]. Em Setembro de 1994, o INAR organizou um workshop sobre o fenómeno religioso em Angola em que esta proliferação foi um dos temas em destaque.
[22]. CAIE, ed., Jesus, príncipe da paz, reconcilia e une os povos e nos impõe a fazer o mesmo. Memorando sobre paz, justiça e desenvolvimento na República popular de Angola, Luanda, CAIE, 1984, 16 p. mimeo.
[23]. CAIE & AEA, ed., Paz e democracia. Uma contribuição das Igrejas de Angola, Luanda, CAIE, 1990, mimeo.