segunda-feira, março 23, 2009

LUis Cília..A Bola (1966)

Em Março de 1961...


ERa assim que abria qualquer serviço noticioso na Emissora Nacional nesses tempos de má memória de 1961...
Com o Ferreira da Costa a debitar triunfos atrás de triunfos e a reforçar que "Rádio Moscovo não fala verdade", lá se ia cantando e rindo...



“Monólogo e Exposição”

“Mas não puxei atrás a culatra,
não limpei o óleo do cano,
dizem que a guerra mata: a minha
desfez-me logo à chegada.

Não houve pois cercos, balas
que demovessem este forçado.
Viram-no à mesa com grandes livros,
com grandes copos, grandes mãos aterradas,

Viram-no mijar à noite nas tábuas
ou nas poucas ervas meio rapadas.
Olhar os morros, como se entendesse
o seu torpor de terra plácida.

Folheando uns papéis que sobraram
lembra-se agora de haver muito frio.
Dizem que a guerra passa: esta minha
passou-me para os ossos e não sai.”

Fernando Assis Pacheco em “Câu Kiên: um Resumo”, Lisboa 1972

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A ilustração é a capa de um disco que contém o hino colonialista “Angola É Nossa”, com música de Duarte Pestana e letra de Santos Braga. A interpretação é do Coro e Orquestra da FNAT (Federação Nacional para a Alegria no Trabalho).
Para o reime tratava-se de um hino patriótico, criado após a célebre frase de Salazar: “Para Angola, ràpidamente e em força”
Cortesia de “Ié-Ié”